Resenha e entrevista: Por correspondência - Flavia Camargo


  Violeta e Eulália trocaram cartas durante toda a vida, desde o momento em que se afastaram, quando ainda eram muito jovens.       Diversos desafios tiveram que enfrentar ao longo do caminho que percorreram separadas, mas as cartas que tinham por hábito trocar continuamente sempre lhes deram a força de que precisavam para permanecer lutando.   Em cada palavra que liam e escreviam uma para a outra, encontravam o alento de saber que em algum lugar havia uma pessoa que se importava com sua felicidade e que estava disposta a ajudá-la a superar todos os obstáculos.   Compartilhando reciprocamente as lições aprendidas com as experiencias que viviam, e posteriormente utilizando-as para enriquecer os conselhos que se faziam necessários, obtiveram o estimulo para seguir em frente.   Por meio desse vinculo, que as cartas jamais deixaram se dissolver, as duas amigas descobriram que em qualquer situação, seja ela de dificuldade ou alegria, o bem mais precioso que se pode dar, receber ou dividir é o conhecimento. 

  Posso definir o livro em apenas duas palavras: incrivelmente humano. Em Por correspondência somos apresentados a diversos personagens que estão iniciando estágios diferentes em suas vidas e acompanhamos o desenrolar e as consequências de suas decisões e fatos que não estavam sobre seu controle decidir que ocorreriam. Ambientado na década de XX,  O livro é dividido inicialmente entre as histórias das amigas Violeta e Eulália, o casal de adolescentes Elisa e Augusto e os noivos Simone e Heitor, cada um com seus problemas e vidas singulares. 

''Tenho me convencido de que algumas coisas foram feitas para serem misteriosas por toda a eternidade, senão perderiam a graça.''

  Eu me apaixonei por Violeta. Ela é uma personagem cativante que possui valores e princípios colocados de maneira que faz com que o leitor queira adotar o máximo possível seu modo de ser a fim de melhorar quem é. Por correspondência entrou assumindo a liderança da minha lista de livros com mais citações marcadas (sim, faço parte do terrível time dos que riscam os livros com marcadores). Uma das coisas que mais achei legal é que a humanidade dos personagens, com problemas tão reais, acabam por causar identificação imediata no leitor, afinal todo mundo conhece (já foi ou ainda é) uma Simone ou um Augusto. 

''A gente não pode passar a vida inteira agindo de um modo, e depois esperar que no futuro tenhamos nos tornado uma pessoa diferente daquilo que formaram nossos hábitos''

  O livro aborda temas tão abrangentes que é quase que impossível não ter vontade de conhecer mais afundo a autora devido ao imenso turbilhão de pensamentos que transmite e sensações que provoca sem ao menos saber de nossos problemas pessoais e mesmo assim em algum momento conseguir tocá-los e fazer-nos refletir sobre eles. 
Dito isso, super recomendo essa obra tão delicadamente escrita e segue abaixo a pequena entrevista que tive o prazer de fazer com a querida escritora Flavia Camargo. 

Quando o gosto pela escrita surgiu?

Gosto de escrever desde criança. Antes de ser alfabetizada, quando vi um livro pela primeira vez, falei para minha avó que quando crescesse, escreveria um livro. Porém, já estou no terceiro e acho que ainda serão muitos. Durante a infância e adolescência escrevi muitos livros, mas considerava todos bobos. Só depois de adulta tive coragem de publicar, porque percebi que eles tinham amadurecido. 

Conte-nos mais sobre seu outro livro. 

Assim como no livro Por correspondência (e em tudo que eu escrevo), meu primeiro livro, Diferenças em comum, conta a história de personagens que estão se esforçando para utilizar as experiencias da vida para evoluírem, cultivarem valores internos e se tornarem seres humanos melhores. Enquanto no Por correspondência o tema principal é a vida de uma mulher pobre por fora, mas rica por dentro, que sabe transformar os desafios em presentes, espalhando amor para as pessoas que a cercam, no Diferenças em comum o tema principal é a vida de um jovem rapaz que precisa lutar com suas próprias deficiências para não permitir que elas firam o sentimento de amizade que o une a uma menina por quem ele nutre uma paixão oculta. 

Qual foi a grande inspiração que fez surgir a história? 

Minha grande inspiração para escrever todos os meus livros é a Logosofia. Estudo essa ciência há dez anos e tenho aprendido com ela a conhecer a mente humana, os pensamentos bons e ruins que podem ajudar ou atrapalhar nossa conduta, e também tenho aprendido a construir um estado de consciência no qual consigo vencer minhas limitações e ser mais feliz. Tenho um conceito de vida que me faz ter certeza absoluta de que a felicidade é uma escolha. Ela não depende da sorte, dos fatos, dos outros nem de nada que não seja eu mesma. Então, todos os meus livros são feitos para transmitir essa mensagem. Crio enredos e tramas nos quais se apresentam diversas situações consideradas pelo senso comum como problemas, mas eu utilizo esse exemplos para mostrar na prática como até mesmo no meio das circunstâncias adversas, é possível encontrar beleza e alegria, porque isso decorre da nossa vontade de cultivar um olhar positivo sobre o mundo. Assim, o processo de escrever todos os meus livros é muito parecido. Eu penso em um ou alguns episódios complicados que podem se abater sobre alguém e construo a história e os personagens em cima da superação dessas dificuldades. 

Porque a ideia de a história se passar no passado? 

No livro Por correspondência a história se passa no passado por um motivo muito simples: Eu queria escrever sobre um relacionamento que se estabelece através da troca de cartas. Portanto, tinha que ser em uma época em que não havia internet. E também porque eu queria narrar a vida inteira de uma pessoa, desde o nascimento até sua morte. Logo, ela teria que ter nascido no início do século XX, para poder morrer perto dos nossos tempos atuais. 

Algum novo livro está por vir? 

Meu terceiro livro está pronto e encaminhado para publicação . Acredito que em 2016 ocorra o lançamento. Também se trata de um livro sobre a transformação de uma perda em aprendizado. Mas dessa vez não foi um romance que inventei. Estou narrando a morte do meu próprio filho e como eu e meu marido estamos atravessando esse momento com serenidade e doçura. Criei uma página no facebook a fim de atrair os futuros leitores com antecedência, compartilhando alguns trechos e procurando confortar outros pais e outras mães que passaram por isso com minhas palavras. 

Qual seu personagem preferido e porque? 

Acho que a protagonista do livro não poderia deixar de ser a minha preferida. Violeta é meu arquétipo de mulher . Foi muito interessante ela ter perdido um filho antes de mim . Quando meu filho morreu em 2015, inspirei-me nela para aceitar os fatos Mas com a mesma designação e valentia . Mas não posso negar que tenho um carinho muito especial pelo Daniel e pelo seu desejo de fazer o bem a seus semelhantes sem julgamentos. 

Alguma dica para quem ainda pretende publicar seu próprio livro? 

Minha dica é sempre colocar alguns que o leitor possa extrair como lição . Dessa forma, o livro não será apenas um entretenimento passageiro , mas uma recordação constante dentro dos demais. 


Mal posso esperar para adquirir o primeiro e próximo titulo da autora, e para quem estiver interessado em Por correspondência pode comprá-lo, entre outros sites, na livraria Saraiva clicando aqui.

Share this:

CONVERSATION

0 comentários:

Postar um comentário